A maioria de nós conhece ou já ouviu a história de alguém que resolveu se afastar um pouco da vida moderna para se conectar com a natureza ou com seus ancestrais. Porém, dificilmente vamos encontrar uma pessoa como Brian Johnson, também conhecido como Liver King, ou “rei do fígado”, em tradução direta.

É bem provável que Brian seja a coisa mais próxima de um homem das cavernas que vamos encontrar no século XXI. Antes de ingressar em sua nova vida com sua família, o Liver King tentou se formar em farmacologia, mas não deu certo.

Depois, passou a ajudar sua esposa no consultório de tratamentos odontológicos dela. Nessa época, começaram a vender um produto batizado de “suplemento ancestral”.

O estilo de vida do Rei do Fígado

Parece que a única coisa que separa o Liver King dos homens das cavernas é sua presença nas mídias sociais. Em seus perfis, ele simula jornadas de caça pelo Texas rural, arrasta pesos com os dentes e, claro, mostra sua dieta a base de carne e órgãos crus.

Embora não seja o único influenciador “carnívoro”, Brian pode ser o mais difundido. Desde que criou seus primeiros perfis em agosto de 2021, ele já acumula mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram e cerca de 3 milhões no TikTok. Aliás, ele chama seus fiéis seguidores de “primais”.

Em suas publicações, Liver King foca naquilo que ele denomina de “retorno à primazia do homem antigo”. Para o influencer, a masculinidade é formada por meio de treinos intensos e consumo de carne crua.

Os vídeos de Brian — autodenominado “CEO de estilo de vida ancestral” — giram em torno de uma série de princípios que, segundo ele, são essenciais para que seus seguidores modernos possam se aproximar de seus “ancestrais primitivos”.

A controversa vida do Live King

O trabalho do Rei do Fígado envolve compartilhar vídeos diários documentando suas refeições com testículos crus de animais, shakes de proteína feitos com uma mistura de tripas, ovos crus, língua de boi e medula óssea, entre muitas outras partes de animais. Os treinos e seus banhos de gelo também fazem parte do cronograma. Sua esposa e seus filhos adolescentes seguem os passos do líder.

Brian se concentra em nove princípios para sua rotina — eles envolvem algumas coisas como comer, dormir, tomar sol, se reconectar, se resfriar e, claro, treinar muito. E, como era de se esperar, cada um desses princípios é mais estranho que o outro.

Por exemplo, ele fala sobre o princípio ancestral do escudo. De acordo com seu site, “devemos proteger nossa família para evitar perigos”. É algo que já começa a soar meio “coach” (o que também ele é).

O Rei do Fígado diz, por exemplo, que não devemos usar plástico, algo estranho, já que os plásticos estão sempre presentes em seus vídeos.

Sobre o frio, ele diz que o conforto não é bom para o organismo, então, devemos pular em uma banheira com pedras de gelo ou em um lago congelado. Talvez o Liver King não saiba, mas indígenas e outros povos ancestrais vivem há milênios perfeitamente bem na linha do Equador.

As pessoas podem achar o que quiserem do Liver King, mas seja ele um tipo de coach selvagem, um maluco preocupado com a “masculinidade ancestral perdida” ou, talvez, apenas um cara que tomou uma decisão radical para lidar com as crises alérgicas dos filhos, como ele próprio afirma, a questão é que tudo isso tem a ver com dinheiro.

Segundo o site GQ, seus produtos incomuns, como cápsulas de cérebro de bois alimentados com capim e suas mais que duvidosas alegações médicas para a saúde, o ajudam a ganhar mais de US$ 100 milhões por ano. Pelo visto, Liver King é um homem das cavernas, só que milionário.